O que você quer ser quando crescer?
Quantas vezes tivemos que responder essa pergunta enquanto crescemos? Sem saber do peso que carregaríamos depois de adulto.
Nós, millennials, fomos pressionados pela sociedade, por anos, para termos a resposta pronta sobre o que queríamos ser para o resto da nossa vida, antes mesmo dos nossos 18 anos.
De modelo a enfermeira, eu tinha as mais diversas respostas.
Eu, no auge dos meus 35 anos, ainda me pergunto o que quero ser quando crescer.
Mas vamos ser realistas? Eu, no auge dos meus 35 anos, ainda me pergunto o que quero ser quando crescer haha.
Raras são as pessoas que sabem o que querem desde cedo e não se questionam ao longo da vida.
Eu mesma comecei a faculdade de turismo, tranquei, voltei, me formei e depois fui fazer marketing. Sempre amei moda, mas crescendo no subúrbio do Rio de Janeiro, a gente sabe que o caminho não seria o mais fácil. Então eu decidi deixar pra lá. Para depois fazer cursos na área e sempre me questionar se seria boa o suficiente para atuar nela.
Eu já estou na internet desde 2010, entre blogs, Youtube, Instagram. Sempre deixei de lado por não ter tempo para me dedicar. A vida me pegava na curva e o cansaço sempre vencia.
E então vem os questionamentos de “E se…” E se eu tivesse me dedicado mais, e se eu tivesse estudado mais. A síndrome do impostor que aparece para dizer que você não é suficiente.
Viver em um outro país e começar do zero foi um desafio que eu encarei de braços abertos e não me arrependo. Foram alguns passos para trás antes de ver o movimento para frente e, ainda assim, depois de quase 7 anos morando em Londres, a sensação de estar ficando para trás, de estar perdendo tempo reapareceu.
Nós sabemos bem que o mercado de trabalho não é nada simpático com quem já passou dos 30 anos. Até mesmo para estudos, onde a maioria dos colegas são, em geral, mais novos.
E pensar que o fato de estarmos na casa dos 30 e estarmos recomeçando a vida, por vezes, nos dá medo, que estamos ficando pra trás, defasados, e que o mundo agora pertence aos mais novos.
Nós somos a geração da transição. Crescemos sendo educados sobre um padrão de vida ideal, onde, aos 30 anos, toda nossa vida deveria estar resolvida. Até mesmo a literatura contemporânea nos diz que tudo deveria ser solucionado antes dos 30 anos. Mas, também, crescemos junto com o surgimento de redes sociais, da internet discada ao 5G, do mercado de trabalho mais competitivo e muitos de nós sendo a primeira geração a conseguir um diploma universitário. Profissões novas surgindo, muita informação.
Começamos mais tarde no mercado de trabalho, mas tivemos que correr para fazer tudo isso a tempo.
Mas fica o questionamento: A tempo de que? Quem está cronometrando? Será que estamos tão preocupados em viver a vida perfeita que esquecemos de realmente viver?
Eu poderia dar diversas respostas prontas para todas essas perguntas e dizer que só precisamos viver e não questionar nossas escolhas, mas sabemos que é mais fácil dizer do que fazer. Então esse texto vem apenas como uma reflexão, um desabafo.
Se você está passando por isso, você não está sozinho. Não existe fórmula certa para se viver, mas a gente ta aqui se apoiando!